sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

UNIDOS PELA GRAÇA

Tem sido cada vez mais comum que as pessoas façam questionamentos sobre o porquê de tantas denominações. São
tantos nomes, tantos títulos, tantas visões e conceitos que, para alguns, o cristianismo tornou-se uma colcha de retalhos.
Tal fato é tão real, que essa diversidade, banhada pelo ecletismo, parece soar como uma prova contrária à existência
de uma só verdade, pois, afinal de contas, com quem está a razão?
Para que mantenhamos acesa a chama do evangelho e o poder do nosso testemunho, precisamos avaliar alguns
pontos que são chave para a compreensão do cristianismo enquanto um estilo de vida marcado por um relacionamento
pessoal com Deus, através da obra de Jesus Cristo no calvário.Primeiramente, vale ressaltar que o povo de Deus é
formado por todos aqueles que, em todos os séculos, se reconheceram pecadores, aceitaram o sacrifício de Jesus
Cristo por suas vidas e passaram a viver como novas criaturas, não importando se essa transformação ocorreu na
Palestina ou no Brasil, em uma igreja estatal ou livre, ou mesmo em um culto tradicional, pentecostal ou neopentecostal.
Esse é um ponto de grande importância para a compreensão do que realmente significa a unidade do Corpo de Cristo.
Deus não respeita barreiras denominacionais quando quer agir na vida de alguém.Além dessa realidade, que aponta
para a existência de uma igreja única, formada pelos salvos de todos os tempos, deparamo-nos com a realidade visível
das igrejas locais, que são grupos específicos de pessoas que se juntam para estudar a Bíblia, adorar a Deus, exercer o
ministério e vivenciar a comunhão, e que funcionam como expressões vivas da igreja de Jesus espalhada pelo
mundo.Pode-se afirmar categoricamente que a unidade da igreja procede de seu fundamento, isto é, do único Deus
(Ef 4.1-6). Todos os que pertencem verdadeiramente à igreja são um só povo e, portanto, a igreja verdadeira será
distinguida por sua unidade. Esta unidade, porém, não implica necessariamente uniformidade total. Na igreja do Novo
Testamento havia uma variedade de ministérios (1 Co 12.4-6) e de opiniões sobre assuntos de importância secundária
(Rm 14:1-15:13), embora houvesse uniformidade nas convicções teológicas básicas e inegociáveis (1 Co 15.11, BLH; Jd
3), tais como a morte e ressurreição de Jesus, a salvação pela graça, o juízo final e a necessidade de uma identificação
contínua com a ética do Reino de Deus, personificada em Jesus Cristo.Do mesmo modo, havia também uma variedade
de formas de adoração. O tipo de culto em Corinto (1 Co 14.26ss) não era comum nas igrejas palestinas, onde a adoração
se baseava no modelo da sinagoga judaica e tinha um padrão mais formal, centrado na exposição da palavra escrita. Este
modelo tirado da sinagoga justifica o fato de as igrejas do primeiro século terem sido consideradas como um ramo do
judaísmo.Contudo, o que não podemos esquecer é que a verdadeira unidade no Espírito Santo de todo o povo
regenerado é um fato independente da desunião denominacional exterior. O chamado para a unidade no Novo
Testamento é, portanto, uma ordem para manter a unicidade fundamental da vida que o Espírito concedeu através da
regeneração (Ef 4.3). Os Reformadores salientaram este ponto, distinguindo entre a igreja invisível (todos os eleitos que
são verdadeiramente um em Cristo) e a igreja visível (um grupo misto de regenerados e não-regenerados). A unidade da
igreja invisível é um fato consumado, concedido com a salvação e mantido pelo Espírito Santo.