quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

SÍNDROME DE PINÓQUIO

Existem pessoas que levam a mentira tão a sério, que passam a vivenciar a história como se fosse verdadeira. Essas pessoas são os mitônamos. Mas não confunda! Ter mitomania é diferente de ser um mentiroso compulsivo, que não consegue assumir a mentira por conta da fraca personalidade, como explica a psicóloga Rita Jardim. O mentiroso tem noção real do que está fazendo, mentindo para se livrar de algum problema.

"Os mitômanos são pessoas que gostam de contar histórias e acabam vivenciando as mesmas como se fossem realidade. Para a pessoa que ouve a princípio, não tem como descobrir. Mas depois de ouvir tanta mentira, acaba percebendo que as histórias não batem e diagnosticando o problema", completa. Eles têm a característica de mentir sobre um assunto específico, como o perfil dos pais ou fatos determinados do passado. Essa é a forma que encontram para fugir da realidade dura que enfrentam em certo aspecto da vida. Já o mentiroso compulsivo, mente sobre qualquer coisa, sem motivo ou controle da situação. O psiquiatra e chefe do serviço de saúde mental do Hospital Municipal Lourenço Jorge - RJ, Leonardo Gama Filho, explica que o quadro do mentiroso compulsivo costuma ser um sintoma associado à outra patologia mental. "Ele é um refém do comportamento de mentir, precisando fazê-lo sem limites para se sentir bem. Quando confrontado com a falsidade de suas afirmações, apresenta a capacidade de reconhecer a não-veracidade dela, porém, demonstra uma tendência compulsiva a repetir a mesma mentira ou a criar uma outra pouco tempo depois."A psicóloga Denise Impastari explica que a pessoa com mitomania possui uma supervalorização de suas crenças em função da angústia profunda e problemas emocionais. A mentira é tida como verdadeira para manter um equilíbrio mais ou menos suficiente.

Sintomas• Insegurança, já que a própria realidade é sustentada de forma forjada.• Dificuldade em tomar decisões e acreditar nelas. • Falta de autoconfiança. • Falta de credibilidade. • Tendência à confusão mental.

As "palavras certas" no convívio com os outros são cada vez mais pura mentira. Pois apresentar a verdade em doses reduzidas facilita a vida. Os americanos chamam essa "forma elaborada" de comunicação de "mentiras brancas". Aqueles que sempre dizem a verdade são considerados irremediavelmente ingênuos. Além disso, eles facilmente ganham inimigos. Calcula-se que uma mentira vem aos nossos lábios cerca de 200 vezes por dia, em média uma a cada 5 minutos. Começando por falsos elogios ("Você está com excelente aparência!") até mentiras descaradas ("Hoje eu não posso ir ao escritório, estou gripado").

A mentira não tem sua origem na evolução, mas em Satanás – ele é chamado "pai da mentira". O Senhor Jesus Cristo mostrou isso de maneira inequívoca quando disse: "Vós sois do Diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes" (Jo 8.44-45). Assim, o pecado só entrou no mundo por meio da mentira, pois Satanás enganou os primeiros seres humanos através da mentira: "É certo que não morrereis... mas sereis como Deus" (Gn 3.4-5). A realidade da mentira e do pecado em si falam contra a evolução e a favor do relato da Bíblia, de que somos uma criação caída.
Com toda a certeza a mentira não é indicação de inteligência, mas um sinal característico de uma vida sem Deus, que não ama a verdade e é a identificação de uma natureza pecaminosa. Em 1 João 2.21 está escrito: "...mentira alguma jamais procede da verdade." Por isso, a crescente tendência para a mentira em nossos dias também é um sinal evidente dos tempos finais: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência" (1 Tm 4.1-2).
Como a mentira é o oposto exato da verdade de Deus e assim rejeita o próprio Deus da maneira mais grosseira, ela também será julgada com dureza pelo Deus santo. No último livro da Bíblia está escrito duas vezes com inequívoco rigor:
– "Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro" (Ap 21.27).

Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8.31-32). Verdade é reconhecer a mentira como aquilo que ela é: um pecado que nos separa de Deus. Mas verdade também é saber que podemos confessar a Jesus a mentira e todos os nossos outros pecados e pedir perdão. Verdade também é que, então, podemos aceitar o perdão pela fé e com gratidão. Aquele que fizer isso com sinceridade e de todo o coração, receberá o perdão (1 Jo 1.7 e 9), pois Deus não pode mentir.